domingo, 2 de abril de 2017

Aderir: A excelência estratégica na arte de ouvir.



Si Fu ministrando palestra na USP. Foto 2017. 


Em um de nossos encontros, meu Si Fu, falou sobre uma particularidade de sua relação com seu próprio Si Fu, o Grão Mestre Leo Imamura: " Quando ele propõe algo, eu adiro e procuro a forma de viabilizar para fazer acontecer".
Esta frase chamou muito minha atenção pelo fato de que muitas vezes, deixamos de realizar muita coisa em nossa vida, simplesmente porque as vezes nem pararmos para pensar como poderíamos "fazer acontecer".

Si Fu e Si Gung: momento de Vida Kung-Fu. Foto 2016.


Diante das dificuldades, muitos recuam sem ao menos cogitar a hipótese de estrategicamente planejar a sua ação para efetivamente concretizar aquilo que até então se imaginava impossível realizar. Há uma famosa frase atribuída a Jean Cocteau : "por não saber que era impossível, ele foi lá fez", sendo que  há também quem a atribua à  Mark Twain: "They did not know it was impossible, so they did it!". Seja qual for seu autor esta frase traduz bem a ideia de posicionamento diante dos desafios.

Nesta foto de 1998, Si Fu praticando Muk Yan Jong no Ving Tsun Museum, Dayton, Ohio, USA.


Lógico que nem tudo podemos fazer. Seria ingênuo acreditar que todo o nosso desenvolvimento seria o suficiente para nos tornar capazes de realizar toda e qualquer coisa, cada um de nós tem seus potenciais como também os seus limites, ambos devem ser respeitados, porém, sabotar a ação antes de esgotar as possibilidades de realização daquilo que se deseja, é firmar um pacto com a mediocridade.

Saber ouvir, aderir a uma proposta, não significa ser passivo, aceitar tudo sem questionar ou sem avaliar prós e contras. É antes de tudo, estar com a mente e o coração abertos para perceber quais são os potenciais que determinada proposta carrega consigo, quais são os pontos falhos que podem ser melhorados, qual a possibilidade de realizar, quais os valores que uma ideia pode gerar.


Si Fu ministrando palestra na Universidade Estácio de Sá /RJ. Foto 2003.




Muitas vezes, a adesão torna-se mais difícil quando a proposta é diametralmente oposta à nossa.  Quando se está envolvido na paixão pela própria ideia, entra-se em um estado que no Kung-Fu chamamos Yip Sam (folha que encobre o coração), não nos permitindo ver nada além daquilo que queremos e nem de ouvirmos para percebermos qual o potencial vivo que existe na ideia que não é nossa, enquanto não aderirmos à ela. Com a adesão, as ideias se comungam, se alimentam, se tornam uma nova ideia, que passa a ser de todos. Vencer a paixão por uma ideia fixa, não é abandonar a própria ideia, mas sim aderir as possibilidades que podem torná-la melhor, somando e gerando uma ideia nova, comum a todos. Esta é uma atitude estrategicamente eficiente.

Si Fu em seu 47º Aniversário. Foto 2016.


  Trazendo esta proposta para dentro de um cenário de combate simbólico, será através da adesão, "ouvindo" a ação do outro,  fazendo usos sucessivos das posições percebidas (posicionamento), do processo contínuo do aproveitamento dos recursos (energia), respeitando as etapas do processo, intervindo o mínimo possível para se ter êxito (timing) e identificando as condições favoráveis para que o vínculo propicie a mobilização do outro (distância), teremos um monitoramento do processo conduzido com excelência, potencializando a probabilidade de êxito.



Abertura do San Toi. Foto 2017.




O Ving Tsun Kung-Fu desenvolve em seus praticantes a habilidade de ouvir com o coração, para que as ações sejam monitoradas e direcionadas para um desenvolvimento pessoal  que se apoia na relação com o outro, ou seja , na Vida Kung-Fu.




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