segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Reencontrar.


Si Fu me orientando sobre variados temas. 



 Hoje eu tive a oportunidade de conversar por mais de uma hora com meu Si Fu, Mestre Senior Julio Camacho, e como não poderia deixar de ser, não sai da nossa conversa da mesma forma que entrei. 

Eu estava tão ansioso, circunscrito em meus próprios pensamentos que nem mesmo conseguia transmiti-lo de uma forma que pudesse me fazer entender. Na realidade, nem eu mesmo estava me entendendo. Culpei meu cansaço do dia para justificar a mim mesmo e ao meu Si Fu esta minha perturbação mental, quando na realidade o que estava me acometendo era pura falta de sintonia. Eu precisava me reencontrar e Si Fu promoveu este momento para que eu tivesse a oportunidade. 

Eu ouvi Si Fu sobre como ele pensa a condução de nossa Família, sobre o desenvolvimento de cada um dos membros respeitando suas diferenças e como todos nós podemos através da Vida Kung Fu, viver esta experiência de aprendermos juntos. Foi bem especial para mim essa oportunidade de ouvir de primeira pessoa e de forma direta aos meus questionamentos, como Si Fu fez a leitura de meu momento e como eu posso favorecer meu crescimento dentro do Kung Fu sintonizando mais com meu Mentor, da forma que ele sempre diz a todos, seguindo juntos. 

Percebi que meu desenvolvimento passa por diversos "reencontros" cada vez que tenho oportunidade de estar com meu Si Fu, de como recupero "pedaços" de mim que ficaram perdidos pelo caminho, por minha negligência comigo mesmo, porque afinal de contas as ações e omissões serão sempre minhas quando se trata da conduta responsável pelo meu próprio desenvolvimento. 

Que eu consiga, a partir de cada reencontro, não dar mais as costas para mim mesmo, sabendo tirar melhor proveito da Vida Kung Fu que meu Si Fu proporciona, valorizando a minha caminhada e todo o tempo que ele investiu em mim. 



sábado, 4 de março de 2023

Transformações.


Si Fu ministra aula domingo de Carnaval.
Si Fu ministrando aula sobre o Lap Sau.


 Existe uma máxima em minha terra natal, o Rio de Janeiro, que no Carnaval você é aquilo que deseja ser. E essa máxima se materializou na manhã de domingo de Carnaval deste ano, quando estava estudando Ving Tsun on line com meu Si Fu, Mestre Senior Julio Camacho, desenvolvendo meu Kung Fu, buscando o que desejo ser.

Quando falamos em movimentos é interessante perceber o quanto cada estrutura nos favorece como unidades isoladas, bem como o potencial que cada uma carrega para contribuir na transição de um movimento para outro e para uma nova estrutura. O Kung Fu fala em termos a capacidade de tirar proveito daquilo que se tem, e no Lap Sau onde um conjunto de energias e estruturas diferentes se desencadeiam, fica claro o fato de que uma ou outra estrutura ser fraca ou forte não importa; existe um poder intrínseco em cada uma delas, e saber tirar proveito de cada uma da melhor forma possível, isto é Kung Fu.

Meu Si Fu sempre diz que o Kung Fu deve ser empregado para que o praticante aprenda com ele a viver melhor, para mim é sempre especial perceber como o Sistema Ving Tsun ao falar de movimentos de combate simbólico, amplia minha capacidade de enxergar aspectos que antes eu não havia percebido.

 Monitorando e executando com excelência cada movimento, subpartes do Lap Sau, percebe-se que para além da limpeza, uma anterior obstrução que traduz a transformação ocorrida na troca de energia entre os braços com a troca na aplicação do ponto de tensão. E assim como neste Jiu Sik, a vida apresenta diversas vezes possibilidades de mudança, de "troca de pontos de tensão" para que nossas ações nos favoreçam.  

É preciso ter Kung Fu para perceber.

 



    

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Atento a si mesmo.

     

Somos observados durante a prática por Si Fu (no alto da foto à direita, e nosso irmão Kung-Fu, Thiago Silva, na parte inferior da foto). 


     Semana passada, durante nossa Aula de Excelência ministrada pelo Si Fu, algo chamou de modo especial a minha atenção: como eu executava meus movimentos e o que isso diz sobre mim. Durante muitos anos executei movimentos marciais de forma fragmentada, como se meu corpo não fosse um todo harmonioso, e na realidade não era mesmo. Não conseguia pensar sobre meu pé na hora do soco, ou no papel do braço na hora do chute, assim como todo o resto do meu corpo, respiração e tudo mais. E por mais que esta consciência já tenha chegado algum tempo, a prática faz o corpo gerar um outro nível de compreensão, que apenas o intelecto, o raciocínio puro sobre tudo isso, não é capaz de fazer florescer.

     Quando me vi na prática com meu irmão Kung-Fu, lançando sobre mim mesmo um olhar mais atento, fui capaz de perceber o quanto durante muito tempo, eu atuava desconectado comigo, e como esta falta de cuidado com minhas ações me foram prejudiciais em qualquer área que atuasse.

     Uma vez Si Fu me disse: " Roberto, quando chegamos a algum lugar, o olho chega primeiro". E eu só conseguirei perceber o cenário a minha volta, seja favorável ou adversário na figura de uma pessoa ou de uma circunstância, se eu antes for capaz de olhar pra dentro primeiro e me reconhecer. Assim, serei capaz de oferecer o meu melhor como resposta, a minha forma legítima de atuar.   

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Marcialidade.

 Si Fu reúne Discípulos para Aula Fundamental.

"Assim, a marcialidade atua como uma força, uma torrente que 

faz lavar tudo aquilo que está sobrando".

Mestre Senior Julio Camacho.


     Meu Si Fu, Mestre Senior Julio Camacho realizou no dia de hoje o segundo encontro sobre Estudos dos Fundamentos do Sistema Ving Tsun. Neste Encontro, tratamos do Tema Marcialidade. 

Passando pelo deus grego Ares, aquele que cobria a própria cama com a pele dos homens que matava, ao deus romano Marte, podemos notar a diferença que há entre uma agressividade não refinada e uma outra capaz de ser personificada no brocado latino: "legio omnia vincit" (a Legião sempre vence).

     A agressividade é algo que se manifesta para qualquer direção, podendo atrair consequências boas ou ruins. Pode se manifestar na forma de maus tratos ou quando temos um objetivo a ser conquistado. Quando canalizada, ela é Marcialidade.

     Pensar em Marcialidade de uma forma romântica é sinal de um Kung Fu imaturo, porque uma das formas e mensurar maturidade marcial, é saber avaliar consequências. Atitudes impulsivas, carreadas de agressividade inconsequente, traduzem falta de marcialidade, porque, na maioria das vezes, atos impensados geram resultados indesejados e difíceis de serem administrados. 

   Um Kung Fu se mostra maduro quando capaz de prefigurar os cenários oriundos de sua ação. Desta forma, a agressividade direcionada, vai apontar para onde o estrategista vê melhor resultado, ao invés de, ao descontrole, ver sua agressividade conduzi-lo à álea, da boa sorte ou do infortúnio. 

     Falar em Marcialidade é falar na justa medida, nem mais nem menos, apenas o adequado para a excelência da ação.



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Quanto menos automático melhor.

Si Fu reúne Discípulos para reunião de Alinhamento.


 O Ving Tsun é um Sistema de variação. Para que atuemos com Kung Fu dentro do Sistema, nada deve ser fechado, tudo é ajustável, afinal os cenários são dinâmicos e se modificam à todo momento, e é justamente a capacidade de adaptação com excelência à situações novas que identificam um praticante avançado de Kung Fu. 

Na reunião de hoje, meu Si Fu, Mestre Senior Julio Camacho apresentou para nós algumas considerações sobre o cenário atual. E justamente em momentos considerados desfavoráveis como os atuais, tempo de pandemia e recentemente uma guerra que pode atingir dimensões à níveis mundiais, que o Kung Fu dos indivíduos tem mais possibilidade de desenvolvimento, exatamente por imposição dos fatos à capacidade de adaptação.

Com este breve intróito, passo a um resumido relato sobre os temas que foram tratados na reunião de hoje. 

O primeiro deles foi sobre as duas faces de um Mo Gun (Casa de Guerra, local de prática). Há uma primeira característica que é a interna, que está ligada à relação familiar. É o espírito que move a união dos membros, a Família Kung Fu. A segunda característica é a externa, está ligada à função exercida pelos locais onde ocorre a transmissão do Ving Tsun: os Centros de Transmissão.

 O mais básico deles é a Unidade Vinculada, onde se pratica o Nível Fundamental (se desenvolvem os aspirantes à membro). Esta Unidade é sempre vinculada à um Núcleo.

No Estúdio ocorrem as práticas dos Níveis Fundamental e Experiencial, e por fim, os Núcleos onde se desenvolvem ambos os níveis anteriores e também os Níveis Tradicionais do Sistema Ving Tsun. 

Si Fu também esclareceu sobre as Sedes da Família e do Clã. Ambas são identificadas pela presença dos respectivos Jiu Paai, (vertical o da Família e horizontal o do Clã) e a escolha dos locais passam pelo critério estabelecido pelo Si Fu.

Por fim, as Comitivas para a residência do Si Fu nos EUA, possuirão preferencialmente a seguinte configuração: grupos de quatro Discípulos a cada semestre do ano. As práticas do Nível Superior Final serão feitas na Casa do Si Fu, pessoalmente com ele. Uma comitiva encontrará Si Fu na Florida para acompanhá-lo à Nova Iorque para o Aniversário do Si Taai Po, Helen Moy, na primeira semana de dezembro.

Em abril, antes do Carnaval deste ano, Si Fu estará no Brasil para um Evento de três dias (sexta, sábado e domingo) e as reuniões serão abertas ao público. Uma grande oportunidade para convidados conhecer um Mestre de Carreira Internacional. Si Fu programa estar no Brasil, em média, num intervalo de 10 semanas a cada visita. Uma grande oportunidade para matarmos a saudade e desenvolvermos nosso Kung Fu.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Harmonia interna e zelo.






Si Fu me orienta durante prática. Núcleo Barra da Tijuca 2018.



Entre os ensinamentos que recebi de meu Si Fu, Mestre Senior Julio Camacho, está a importância de canalizarmos nossa agressividade para algo positivo, para um objetivo que desenvolva nossa humanidade. Seja agressivo no empenho ao estudo, ao trabalho, aos objetivos que lhe proporcionem ganho em aprendizado. Essa agressividade canalizada, é uma expressão de Marcialidade. Quando ela é canalizada para um ponto, na linha central, isto é Ving Tsun.
Desta forma, creio ser interessante pensar no Chi Sau para além de uma prática de desenvolvimento técnico, e vê-lo como uma oportunidade de autoconhecimento, através da experiência vivida com outros praticantes. É uma espécie de espelho que se coloca diante da pessoa, mostrando quem ela é, e qual é a sua capacidade de se relacionar quando colocada em cenário de crise. Todo o (des)equilíbrio vai aparecer, será expresso corporalmente, de modo que, sucessos e frustrações, medo e coragem aparecem como fossem o transpirar da pele. E para além disso, a forma como são tratadas as pessoas, o saber ouvir, aderir, ou pelo contrário, a tentativa de impor ideias e padrões de comportamento, incluso aqueles que o próprio agente nem percebe em si mesmo, serão desvendados no Chi Sau.
A considerar estas minhas observações, creio que através da prática das Sequências dos Níveis do Sistema Ving Tsun, momento em que se pode praticar sozinho, seja um ganho de oportunidade para uma busca de harmonia interna, e o resultado desta busca é muito bem "testada" na prática do Chi Sau, há um fator externo, uma outra pessoa, e pela dinâmica da prática, ambos "perturbarão" esta harmonia em  benefício mútuo. O Chi Sau tem o condão de sinalizar em que ponto os praticantes se encontram dentro do Sistema, e o companheiro de prática é a pessoa que vai te ajudar a se reconhecer, a compreender o quanto ainda é necessário buscar sua harmonia interna, e espelhá-la na forma de um equilíbrio harmônico com o outro.
Nestas breves linhas, dividi o quanto considero importante buscar a harmonia interna para que se possa ter uma relação equilibrada com as outras pessoas, em todas as nossas relações, e aproveitar o Chi Sau como um laboratório e nunca um fim em si mesmo, ressignificando os golpes recebidos e desferidos. O primeiro não como resultado de uma "falha técnica", e nem o segundo como a expressão de um estágio superior, mas ambos como um retrato, a percepção sobre si e sobre o outro, traduzindo a colaboração no desenvolvimento do seu companheiro de prática, como expressão do seu próprio.  

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Checagem: Construindo a Excelência.


Aula Master para a Triologia Fundamental.


     Na aula Master de hoje, meu Si Fu, Mestre Senior Julio Camacho, transmitiu conhecimentos sobre os três Níveis iniciais do Sistema Ving Tsun. Ao fazer breves comentários sobre Siu Nim Tau, Cham Kiu e Biu Ji, um ponto em comum  chamou minha atenção: a checagem. 

     Si Fu esclareceu à todos os presentes sobre a importância de checar cada movimento para que o corpo compreenda o que se pode extrair de cada um deles . As sequências dos Níveis são objetos de estudo e não apenas movimentos coreografados, e realizá-los de forma precipitada, sem a compreensão de como cada movimento é a preparação para o próximo, é como correr sem controle, é perder a oportunidade de apreciar o material de estudo.



Fernando Pinheiro: prática do Siu Nim Tau.


     Há na prática das sequências dos três níveis, uma gradação quanto aos graus de checagem. O Siu Nim Tau prepara para o Chan Kiu, e este nível possui muitos dispositivos de checagem, de pontos de verificação. Ele é igualmente uma preparação para o Biu Ji, que deve começar de imediato, de forma bombástica, sem tempo para justificativa. O que não significa que não exista a checagem, a diferença é que o Nível Superior Inicial tem dispositivos corporais que, por sua natureza, deixam ainda mais evidente sobre como está o Kung Fu do praticante com relação aos Níveis anteriores. Esta característica é fundamental para compreender como é importante a passagem de Nível: para que se torne mais claro ao praticante como está a sua expressão pessoal com relação aos Níveis anteriores. Ao revisitar, praticar e checar cada Nível,  joga-se uma lente de aumento, que irá enriquecer o Kung Fu. 

     E realizando um paralelo com qualquer coisa que fazemos na vida, muitas vezes, quando algo "não deu certo" é porque provavelmente não checamos como deveríamos. Fazendo tudo de qualquer jeito dificilmente teremos um bom resultado. 

     A prática constante de lançar um olhar atento a tudo, de realizar com excelência, do ato mais simples ao mais sofisticado, checando o tempo todo, estando presente a cada movimento realizado na vida, é uma ferramenta valorosa na busca da excelência.



Antônio Henrique  (frente) e Carlos Antônio (ao fundo). Prática de Cham Kiu.