segunda-feira, 27 de maio de 2019

Luz, Câmera, Kung Fu!



Posto 8 na Praia da Barra (da direita para a esquerda): Si Mo, Si Fu, Gabriel Queiroz, Roberto Viana e Rubia Barbosa.


Os meus domingos em geral são bem preguiçosos. Acordo tarde, continuo deitado um tempo, e quando vejo, já é quase meio-dia. Domingo passado foi bem diferente.
Acordei antes das 6 da manhã, tomei café e me arrumei para ir em direção ao bairro da Barra da Tijuca. Lá, no Condomínio onde está localizado o Mo Gun (significa Casa de Guerra, é nosso local de prática de Ving Tsun) encontrei minha irmã Kung Fu Rubia Barbosa. Tínhamos uma missão: irmos ao Posto 8 da Praia da Barra da Tijuca nos encontrarmos com Gabriel Queiroz, para sermos dirigidos por ele em cenas que serão utilizadas em uma Campanha Publicitária sobre o trabalho de Ving Tsun, realizado pelo Clã Moy Jo Lei Ou.





Início das filmagens na praia: Rubia Barbosa, Gabriel Queiroz e Roberto Viana.



O conceito é muito interessante. Mostrar pessoas diferentes, com hábitos igualmente diferentes e depois apresentá-las em um ambiente que a elas é comum: o Mo Gun. Minha irmã Rúbia Barbosa não será minha companheira de cena na filmagem sobre a prática do Ving Tsun, porém neste dia, dividimos não só as locações das filmagens, tivemos também juntos com Si Fu e Si Mo, momentos de vida Kung Fu.
 Chegamos um pouco mais cedo que o combinado. Em seguida, Gabriel Queiroz nos encontra e orienta para as cenas com locação na praia. Eu e Rubia nos tornamos atores por um dia, e até o fim das gravações daquele domingo inicialmente nublado, Rubia seria agraciada com "três Oscars".
Ainda antes de iniciarmos as gravações, recebemos o telefonema de nossa Si Mo, Sra. Márcia Moura para as primeiras orientações do dia. Mais tarde, depois de finalizada a primeira etapa, Si Fu e Si Mo chegaram e fomos todos ao Bosque da Barra, onde as gravações tiveram sequência.




Eu sendo filmado por Gabriel Queiroz na locação da praia. Foto: Rubia Barbosa.



Si Fu apoiou o trabalho, colaborando com sua experiência em Cinema, assim como nossa Si Mo, com a expertise que possui como atriz profissional. Eu e Rubia estávamos tendo o nosso dia de estrelas.
Com nosso Si Fu nos conduzindo a todos durante as gravações no Bosque da Barra, pudemos experimentar momentos de Vida Kung Fu onde o foco e a seriedade na execução daquilo que nos propomos a fazer, vinham unidos à momentos de descontração e porque não dizer, de felicidade, com tudo sendo executado de forma responsável e ao mesmo tempo com muita leveza; realizado com Kung Fu.

Fiquei feliz com minha participação: filmado correndo na praia, depois no Bosque, tentando fazer barra e alongando, executando "um pedaço" do Siu Nim Tau.
 Porém, esta postagem irá estender o tapete vermelho para minha irmã Kung Fu, Rubia Barbosa. Afinal, os três "Oscars" que ela recebeu de meu Si Fu, personificam o que foi aquele domingo: trabalho sério, mas com um astral delicioso e descontraído.
 E quais foram as estatuetas? Pelas cenas de "melhor leitora", pela cena "saída no tempo certo da câmera", e como "melhor pintora de capivara". Rubia além de professora e advogada, é pintora. E no Bosque da Barra encontrou, naquele maravilhoso domingo, a sua Gioconda.




Rubia desenhando a capivara, sendo filmada por Gabriel Queiroz. Foto: Si Mo, Márcia Moura.

domingo, 19 de maio de 2019

Chi Sau: aprender e recomeçar do zero.



Si Fu observa Chi Sau entre Si Suk Diego Guadelupe (camisa dourada) e Gil Batista.

Ouvi de meu Si Fu, Mestre Senior Julio Camacho, uma frase muito importante e ao mesmo tempo muito difícil de ser vivida: " É preciso ter um bom coração e uma péssima memória". O contexto da frase fala sobre a importância de saber zerar uma falha, uma ofensa, enfim, algo de ruim que alguém tenha dirigido contra nós. Isso está longe de ser "bonzinho". Esta frase deve ser lida à luz do pensamento estratégico.
    O Chi Sau (que pode ser traduzido como "rolar braços") acompanha o praticante de Ving Tsun por um longo tempo em sua jornada. Diversos são os sentimentos que podem ser experimentados nesta rica prática: raiva, frustração, medo, covardia, satisfação, alegria, e tantos outros. Hoje não vou falar sobre as técnicas associadas ou sobre os pontos que podemos observar durante a rolagem dos braços aderidos. Venho falar sobre algo que também é muito importante, e que esta prática nos dá oportunidade de desenvolvermos, sendo ao mesmo tempo tão importante e tão difícil de adquirir: a capacidade de recomeçar do zero.
Assim como qualquer pessoa, já experimentei (e ainda experimento) algumas frustrações na vida, mas posso dizer que não saio delas da mesma forma como saía antes, primeiro graças à relação com meu Si Fu, e também através dele, e por segundo, pela prática do Ving Tsun.
O Chi Sau mostra entre outras coisas que muitas vezes somos golpeados porque nos colocamos na situação para que isto aconteça. A leitura que o companheiro de prática faz da nossa energia, posicionamento, distância e do timing,  levam-no muitas vezes, a golpear-nos. É como se "pedíssemos" por isso, dando ao outro todas as condições. Na vida não é diferente.



Praticantes, hoje Mestres: Si Suk Diego Guadelupe (camisa dourada) e Si Hing Thiago Pereira (Líder da Família Moy Fat Lei) praticando o Lei Dei Chi Sau. 



Muitas vezes nosso comportamento nos leva a sermos "golpeados pela vida" de modo que todo  ser humano sente muito daquilo que um praticante de Ving Tsun sente na prática do Chi Sau. Porém, da mesma forma que depois de um golpe, voltamos a posição inicial, e zeramos para nova "rolada de braços", assim é a vida; depois do golpe ela continua e precisamos seguir em frente.
Sim, é muito difícil na prática, e isso me faz lembrar outra frase de meu Si Fu, quando um irmão Kung Fu meu reclamou sobre a dificuldade em lidar em certas situações, que envolviam inclusive outros irmãos nossos: " Eu sei que não é fácil zerar certas coisas. Isso é treinado..." Esta frase me marcou muito porque a exemplo de meu Si Fu que já alcançou este nível, tenho o objetivo de também chegar a ele. Afinal, quem sabe zerar não está alheio ao que ocorreu, menos ainda age desta forma por ser mais fácil, muito pelo contrário. Ter poder pessoal para escolher, sem ser dominado pela emoção, é um estágio de desenvolvimento elevado.
 Se deixar afetar para além daquilo que o fato tem o potencial de incomodar acusa certa imaturidade ao passo que, não ser afetado, por ter aumentado sua zona de conforto na adversidade, por ter sido treinado para lidar com ela, aprendendo com a circunstância e não a culpando, isso é ter Kung Fu.  
 É saber agir na vida, assim como no Chi Sau: ser golpeado, aprender com isso, zerar e começar de novo.


Si Fu recebe em sua casa com direito à prática de Chi Sau em sua varanda: Si Suk Diego Guadelupe, Si Hing Vladimir Anchieta e Si Hing Thiago Pereira (da esquerda para a direita). 

domingo, 12 de maio de 2019

Si Mo: A Mãe da Família Kung Fu.

Si Mo em minha Cerimônia de Acesso ao  Luk Dim Bun Gwan, em 19 de novembro de 2018.



Meu Si Fu, Mestre Senior Júlio Camacho, nos conta que Si Gung, Grão Mestre Leo Imamura, disse certa vez: "Se o homem é a cabeça da família, a mulher é o pescoço, pois ela controla para onde a cabeça olha sem ela perceber". Esta é sem dúvida uma forma de atuar com Kung Fu, porque ela não precisa aparecer para fazer a diferença, para fazer com que o resultado aconteça.
Por diversas vezes, meu Si Fu contou que minha Si Mo, Márcia Moura, co-líder do Clã Moy Jo Lei Ou, cobra-lhe disciplina com o horário de seus remédios, lembra-lhe sobre datas e compromissos, enfim, cuida dele. É essencial que o Si Fu esteja bem sob vários aspectos, uma vez que seus compromissos para com a Família Kung Fu são numerosos, trabalhosos e muitas vezes, exaustivos. Por mais que seus To Dai zelem por ele, o nível de zelo de nossa Si Mo, é incomparável. Nesta atuação onde a "Família Kung Fu não vê", Si Mo faz por todos nós, colaborando para o bem estar de nosso Si Fu, o que se reflete em benefício para toda a Família Kung Fu.



Si Fu ensina-me a escrita do ideograma Si Mo.



Nossa Si Mo também atua diretamente nas atividades de nossa Família Kung Fu: nossas postagens por exemplo, são organizadas por ela, que semanalmente realiza o controle de todas, e com seu trabalho, atua no desenvolvimento de cada praticante em uma área fundamental da comunicação; a escrita, trazendo a oportunidade para que cada membro da Família Kung Fu aprimore a capacidade de se comunicar, de ativar áreas do cérebro como desenvolvimento do raciocínio, criatividade, capacidade de comunicar-se com clareza, ou seja, desenvolver seu Kung Fu.
O "Si" de Si Mo tem o mesmo significado que o "Si" de Si Fu, que pode significar: "alguém que sabe um pouco mais que você". Já o "Mo" significa literalmente mãe. Além de nossa Si Mo, a Senhora Márcia Moura também é praticante de Ving Tsun, e provavelmente com o tempo se tornará Si Fu.




Ideograma Si Mo escrito por Si Fu.



Nossa Si Mo é atriz profissional e disse por ocasião de sua festa de aniversário, junto a nós da Família Kung Fu, que pretende ajudar as pessoas através da arte de seu ofício.
Estou certo de que com a arte que ela desenvolve  dentro do Sistema Ving Tsun, ela ajuda a muitos de nós a atuarmos em nossos papéis principais: a vida.



Si Mo, partindo o bolo de seu aniversário, ao lado de Si Fu.


Parabéns Si Mo, Mãe da Família Jo Lei Ou.

domingo, 5 de maio de 2019

Mo Gun: a Paz que se conquista em uma Casa de Guerra.




Mo Gun Barra da Tijuca: Si Fu e os Diretores de Núcleo Titular e Adjunto, seus Discípulos André Guerra (à direita na foto) e Guilherme de Farias.



Aprendi com meu Si Fu, Mestre Senior Júlio Camacho, que o termo Mo Gun, significa, Casa de Guerra. No estudo do Kung Fu, por diversas vezes, encontramos termos que para a visão Ocidental pode parecer algo, que na realidade não representa o que pensamento chinês atribui ao termo. Com Mo Gun, não é diferente. Uma interpretação precipitada sobre este nome, levará à uma conclusão equivocada. É preciso visitar mais de perto o sentido que o termo carrega.
Todos os seres humanos possuem suas guerras internas: medo, raiva, impaciência, falta de atenção, etc. Para as guerras internas (da relação com nosso  íntimo) e as externas, da nossa pouca habilidade em lidar com outras pessoas e com o ambiente ao nosso redor,  é oferecido um espaço onde o praticante de Ving Tsun pode, em um ambiente controlado, experimentar diversas circunstâncias que em outro lugar poderiam trazer à tona um sentimento de derrota, insatisfação, tristeza. Dentro do Mo Gun o que brota destas experiências são aprendizado e fortalecimento interno.



Fundação do Conselho de Discípulos. Foto 2016.


O que se poderia pensar sobre o termo "relaxar na crise" fora de um ambiente preparado, fora desta Casa de Guerra? Seria uma contradição de termos, por certo, porém é exatamente o que acontece para quem desenvolve seu Kung Fu dentro de um Mo Gun. Óbvio que ninguém gosta de crise, o nome já traz em si a carga daquilo que não se deseja, só masoquista pensaria o contrário. Porém, dentro de um Mo Gun, orientado por um Si Fu, e apoiado por irmãos Kung Fu, o praticante experimenta um aumento em sua zona de conforto, conseguindo cada vez mais perceber o potencial que cada situação traz, fazendo da crise uma oportunidade de crescimento, não mais um motivo para sofrer. Os problemas continuam do mesmo tamanho, mas como é você quem cresce, a capacidade que eles tinham de afetá-lo, reduz muito.




Mo Gun da Família Moy Fat Lei: Núcleo no Bairro do Méier, liderado por meu Si Hing, Mestre Qualificado Thiago Pereira (sentado ao centro).



É um erro pensar que relaxar na crise é uma espécie de inação, é exatamente o contrário. Se você estiver tranquilo, ou seja, relaxado para observar o cenário que se apresenta, a chance de você tomar uma atitude melhor, mais vantajosa, é bem maior.
 A grande maioria das pessoas não querem guerra e, confesso, que eu também não. Mas foi exatamente experimentando minhas guerras internas e externas em um ambiente controlado, em um Mo Gun, que tive condições para colocar diante de mim um espelho que reflete aquilo que sou, e gostando ou não do que vi, recebi de meu Si Fu a oportunidade de me encarar de frente, lutar minhas guerras, e aos poucos, me tornar maior que meus problemas, aumentar minha zona de conforto, e relaxar na crise.