terça-feira, 21 de novembro de 2017

Si Fu não é Professor.



Si Fu e Si Gung: Momento de vida Kung-Fu.




Em uma conversa com meu Si Fu, Mestre Senior Júlio Camacho, ele me disse: "Roberto um Si Fu não é um Professor". Esta frase é de fato uma chave de leitura para entendermos o que significa um Si Fu na vida de um To Dai, afastando uma visão errada que este possa vir a ter sobre àquele.



Si Fu nos recebe em seu Condomínio no dia em que completa 25 anos de Vida Kung-Fu.


É muito comum associarmos a figura daquele que transmite o conhecimento à do Professor. No Ocidente somos adestrados para executarmos tarefas que nos servirão de alicerce para o almejado sucesso seja qual for a área do saber humano, muitas vezes com vistas para o futuro, a uma realização específica. Para alcançar este objetivo, é fundamental que encontremos quem nos ensine, nos treine, nos aponte este caminho.

Isso não acontece no Kung-Fu por uma simples razão: ele não se ensina, só se aprende e a figura do Si Fu é fundamental para que isto se realize na vida do To Dai. Não é uma relação exclusiva de transmissão de conhecimento, mas de vivência a partir do mesmo. Por esta razão é fundamental que a transmissão do Kung-Fu se dê através de um meio adequado, o Sam Faat, termo que para ser melhor compreendido no Ocidente Patriarca Moy Yat  chamou de Vida Kung-Fu.



Vida Kung-Fu: caminhada nas proximidades da residência de Si Taai Gung Moy Yat durante diálogo entre ele e Si Fu. 




O Si Fu não vai "treinar" o To Dai, no sentido que a palavra recebe como o  de promover uma repetição de movimentos com o fim de se buscar excelência. Na verdade irá promover momentos capazes de levar o To Dai à compreensão daquilo que executa, respeitando os seus limites e sua expressão pessoal. O Si Fu leva o To Dai, através da prática do Kung-Fu, a uma melhor compreensão sobre si mesmo.



Si Fu e Si Gung durante Palestra sobre o Sistema Ving Tsun no Núcleo Barra da Tijuca.




Tive excelentes Professores, não os tivesse, sequer poderia estar aqui, através de palavras, dialogando sobre Kung-Fu, e a todos sou grato pelo conhecimento recebido. Não há da minha parte qualquer pretensão de estabelecer uma escala de valoração entre Si Fu e Professor. Apenas aprendi, com meu Mestre em nossa conversa, que são valores diferentes, e compreendê-los dentro daquilo que cada um de fato representa, é uma também uma forma de melhor valorizá-los, é também uma forma de se adquirir  Kung-Fu.