Si Fu me orienta durante prática. Núcleo Barra da Tijuca 2018.
Desta forma, creio ser interessante pensar no Chi Sau para além de uma prática de desenvolvimento técnico, e vê-lo como uma oportunidade de autoconhecimento, através da experiência vivida com outros praticantes. É uma espécie de espelho que se coloca diante da pessoa, mostrando quem ela é, e qual é a sua capacidade de se relacionar quando colocada em cenário de crise. Todo o (des)equilíbrio vai aparecer, será expresso corporalmente, de modo que, sucessos e frustrações, medo e coragem aparecem como fossem o transpirar da pele. E para além disso, a forma como são tratadas as pessoas, o saber ouvir, aderir, ou pelo contrário, a tentativa de impor ideias e padrões de comportamento, incluso aqueles que o próprio agente nem percebe em si mesmo, serão desvendados no Chi Sau.
A considerar estas minhas observações, creio que através da prática das Sequências dos Níveis do Sistema Ving Tsun, momento em que se pode praticar sozinho, seja um ganho de oportunidade para uma busca de harmonia interna, e o resultado desta busca é muito bem "testada" na prática do Chi Sau, há um fator externo, uma outra pessoa, e pela dinâmica da prática, ambos "perturbarão" esta harmonia em benefício mútuo. O Chi Sau tem o condão de sinalizar em que ponto os praticantes se encontram dentro do Sistema, e o companheiro de prática é a pessoa que vai te ajudar a se reconhecer, a compreender o quanto ainda é necessário buscar sua harmonia interna, e espelhá-la na forma de um equilíbrio harmônico com o outro.
Nestas breves linhas, dividi o quanto considero importante buscar a harmonia interna para que se possa ter uma relação equilibrada com as outras pessoas, em todas as nossas relações, e aproveitar o Chi Sau como um laboratório e nunca um fim em si mesmo, ressignificando os golpes recebidos e desferidos. O primeiro não como resultado de uma "falha técnica", e nem o segundo como a expressão de um estágio superior, mas ambos como um retrato, a percepção sobre si e sobre o outro, traduzindo a colaboração no desenvolvimento do seu companheiro de prática, como expressão do seu próprio.